quarta-feira, 30 de agosto de 2017

terça-feira, 29 de agosto de 2017

O poder da capitalização composta em longos períodos

Imagine que você vai começar um fundo de investimento, lançando sua cota no valor de 1,00. Para fins de simplificar o exercício, imagine um dividendo por cota constante de 6% a.a. Qual seria a sua situação ao final de 30 anos de acordo com sua performance? Os gráficos abaixo mostram as respostas para performances anualizadas de 10, 15, 20 e 25 porcento.

Obviamente, o exercício é uma suposição de uma performance constante. Para enxergar algo mais próximo à realidade você precisa se imaginar oscilando em torno das linhas. Note também que os gráficos estão com escala logarítmica, o que graficamente transforma curvas exponenciais em retas.





Será mesmo que vale a pena correr riscos excessivos com especulação para ter a possibilidade improvável de ter rentabilidades fora do comum?

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Sir John Templeton, 1994

Tradução: Mercados de alta nascem no pessimismo, crescem no ceticismo, amadurecem no otimismo e morrem na euforia. A época de pessimismo máximo é o melhor momento para comprar, e a época de otimismo máximo é o melhor momento para vender.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

A importância do fluxo de caixa numa carteira de investimentos

Sua carteira de investimentos é um barco cujo capitão é você.

O mar e a direção do vento são o mercado

O fluxo de caixa é diesel para o motor do barco.

A gestão é o comando das velas, leme, etc.

Quando a correnteza/vento estiver contra, o fluxo de caixa é o combustível para manter o motor reduzindo o atraso da viagem.

Quando está tudo a favor, ele é aquele empurrãozinho pra fazer o barco deslanchar.

Prefira navegar com diesel a bordo.


quarta-feira, 16 de agosto de 2017

FIIs For The Long Run

Após a excelente alta dos Fundos Imobiliários nos últimos semestres, uma dúvida é inevitável aos cotistas que montaram suas posições na bacia das almas: realizar lucro ou não?

Eu não arrisco sair dos FIIs. Eis alguns dos motivos que embasam minha decisão:

- Lastro em imóveis em prazos longos tendem a bater a inflação e aumentar o valor patrimonial real das cotas;

- Apesar dos reajustes dos alugueis não serem garantidos, a normalidade é que eles aconteçam na maioria das vezes, porém com uma menor frequência em épocas de recessão econômica e vacância. Com o reaquecimento da economia é esperada uma redução da vacância, assim como um aumento na frequência dos rejustes de contratos de aluguel pela inflação;

- O tempo joga a favor do investidor de longo prazo no que diz respeito à capitalização composta dos rendimentos reinvestidos na carteira. O maior responsável pelo acúmulo de riquezas de um investidor de FIIs no longo prazo é reinvestimento sistemático do fluxo de caixa em outros ativos com bons dividend yields;

- Zerar posição em FIIs para quem comprou a maior parte da carteira nos idos de 2014 significa pagar uma boa porcentagem do porfólio em Imposto de Renda. Dar ao governo 20% do ganho de capital obtido até o presente momento representa uma bela perda de capital;

- Quando você entra num investimento numa grande baixa histórica, como foi em 2014 e 2016, você pode se dar ao luxo de ficar confortável "para sempre", desde que a carteira seja compostas por FIIs de boa qualidade e perenidade;

- Num gráfico em escala logarítmica de prazos de 10 anos ou mais, uma suposta queda de 50% (por exemplo no caso de um inversão da tendência dos juros) faz pouco dano na rentabilidade anual acumulada, ou seja, 50% de queda no preço das cotas não fará a rentabilidade anual acumulada cair 50%. E se durante a baixa formos comprando mais cotas a yields melhores utilizando rendimentos e aportes, quando os preços voltarem ao patamar anterior, o valor da carteira terá superado o último topo;

- Uma suposta taxação dos rendimentos também não fará tanto estrago na carteira daqueles que estão comprados há muito tempo. Quanto maior a rentabilidade acumulada, maior a musculatura da carteira para aguentar bem as quedas sem fazer você perder dinheiro, mesmo em termos reais;

- Nada garante que se no futuro a taxa de juros começar a subir teremos uma queda nas cotas da mesma magnitude de 2012 e 2013. Preços exageradamente "errados" não tendem a ocorrer muitas vezes em espaços curtos de tempo. É perfeitamente possível que na próxima alta dos juros as cotas dos FIIs não caiam tanto. Paradigmas do mercado financerio vivem sendo quebrados e nunca sabemos quais e quando;

- A contabilização sistemática de proventos no IFIX muito provavelmente fará com que o fundo de 2014 se "afunde" cada vez mais no gráfico, tornando praticamente impossível que o índice volte à mesma pontuação daquela época.

Ou seja, no que se refere aos FIIs, sou bastante conservador e com mentalidade de longo prazo. Essas coisas de ficar "pilotando" em curvas de curto prazo deixo para as ações. FII para mim é para sentar em cima, colher renda mensal e botar lenha na maquineta da captalização composta. O reinvestimento de fluxo de caixa em longos períodos é o grande 'pulo do gato' na carreira da maioria absoluta dos investidores de sucesso. Quem presta atenção demais em frivolidades de curto prazo acaba muitas vezes perdendo a oportunidade de deixar a capitalização composta fazer a parte mais pesada do trabalho.

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

O Sr. Mercado, por Warren Buffett

Sempre que eu e o Charlie compramos ações para as companhias seguradoras da Berkshire (sem considerar compras de arbitragem, discutidas [no próximo ensaio]), abordamos a transação como se fôssemos comprar uma empresa de capital fechado. Olhamos os aspectos econômicos do negócio, as pessoas encarregadas de dirigi-lo e o preço que temos de pagar. Não temos em mente nenhum tempo ou preço para vendê-la. De fato, estamos dispostos a reter uma ação indefinidamente, contanto que esperemos que o negócio aumente em valor intrínseco a uma taxa satisfatória. Quando investimos, vemo-nos como analistas de negócios - não como analistas de mercado ou analistas macroeconômicos, nem mesmo como analistas de valores mobiliários.

Nossa abordagem tira proveito de um mercado ativo, já que ele periodicamente nos apresenta oportunidades de dar água na boca. Mas de forma alguma ele é essencial: uma suspensão prolongada das negociações dos valores mobiliários que possuímos não nos incomodaria nem um pouco mais do que nos incomoda a falta de cotações diárias para a World Book ou a Fechheimer. No devido tempo, nosso destino econômico será determinado pelo destino econômico do negócio que possuímos, seja nossa propriedade parcial ou total.

Ben Graham, meu amigo e professor, há muito tempo descreveu uma atitude mental em relação a oscilações de mercado que acredito ser a que melhor conduz ao sucesso em investimentos. Ele disse que você deve imaginar cotações de mercado como vindas de um sujeito excepcionalmente complacente chamado Sr. Mercado, que é seu sócio em uma empresa de capital fechado. O Sr. Mercado aparece sem falta, diariamente, e escolhe um preço pelo qual ele irá comprar a sua participação ou lhe vender a dele.

Mesmo que a empresa que vocês dois possuem tenha aspectos econômicos estáveis, as cotações do Sr. Mercado serão tudo menos isso. Porque, é triste dizer, o pobre sujeito tem problemas emocionais incuráveis. Às vezes, ele se sente eufórico e consegue ver somente os fatores favoráveis que afetam o negócio. Quando está nesse humor, ele escolhe um preço muito alto de compra-venda porque teme que você arrebate a participação dele e embolse assim ganhos iminentes. Outras vezes, fica deprimido e não pode ver nada além de dificuldades pela frente, tanto para o negócio como para o mundo. Nessas ocasiões, ele escolherá um preço muito baixo, já que está aterrorizado pela possibilidade de você se livrar da sua participação vendendo para ele.

O Sr. Mercado tem outra adorável característica: não se importa ao ser ignorado. Se a cotação dele for desinteressante para você hoje, ele voltará com uma nova amanhã. As operações são estritamente opção sua. Sob essas condições, quanto mais maníaco-depressivo o comportamento dele, melhor para você.

Mas, como a Cinderela no baile, você tem de prestar atenção em uma advertência, ou tudo virará abóboras e ratos: o Sr. Mercado está aí para servi-lo, não para guiá-lo. São os recursos financeiros dele, e não a sabedoria, que você achará proveitosos. Se ele aparecer algum dia com um humor particularmente irracional, você tem toda a liberdade para ignorá-lo ou tirar vantagem dele, mas será desastroso se você se submeter à sua influência. De fato, se você não tem certeza se entende e pode avaliar o negócio muito melhor do que o Sr. Mercado, você não se encaixa no jogo. Como dizem no pôquer, "se você está no jogo há 30 minutos e não sabe quem é o trouxa, você é o trouxa".

A parábola do Ben sobre o Sr. Mercado pode parecer obsoleta no mundo dos investimentos de hoje, no qual a maior parte dos profissionais e acadêmicos fala de mercados eficientes, hedge dinâmicos e betas. O interesse em tais assuntos é compreensível, já que técnicas cobertas por mistério logicamente têm valor para o fornecedor do conselho de investimento. Afinal de contas, que curandeiro alguma vez alcançou fama e fortuna simplesmente aconselhando "tome duas aspirinas"?

O valor de assuntos esotéricos sobre o mercado para o consumidor de conselhos de investimento é outra história. Em minha opinião, sucesso em investimento não será produzido por fórmulas enigmáticas, programas de computador ou sinais reluzentes em resposta ao comportamento de mercados e dos preços das ações. Em vez disso, um investidor obterá êxito pela união de bom juízo empresarial com a capacidade de isolar seus pensamentos e comportamento das emoções super-contagiosas que rondam o mercado. Em meus próprios esforços para permanecer isolado, achei altamente proveitoso levar firmemente em consideração o conceito de Ben sobre o Sr. Mercado.

Seguindo os ensinamentos de Ben, eu e o Charlie deixamos nossas participações acionárias nos contarem por meio de seus resultados operacionais - não por meio de suas cotações de preço diárias, ou mesmo anuais - se nossos investimentos são bem sucedidos. O mercado pode ignorar sucesso empresarial por algum tempo, mas por fim ele o confirmará. Como disse o Ben: "A curto prazo o mercado é um processo de votação, mas a longo prazo ele é um processo de pesagem". A velocidade com a qual o sucesso empresarial é reconhecido, ademais, não é tão importante enquanto o valor intrínseco da companhia estiver aumentando a uma taxa satisfatória. Para dizer a verdade, o reconhecimento tardio pode ser uma vantagem: pode nos dar a oportunidade de comprar mais de uma coisa boa a um preço de barganha.

Às vezes, é claro, o mercado pode julgar um negócio como sendo mais valioso do que os fatos subjacentes indicam que ele é. Em um caso dessa natureza, nós venderemos nosso investimento. Às vezes, também, venderemos um valor mobiliário que esteja avaliado corretamente ou mesmo subavaliado porque precisamos de fundos para um investimento ainda mais subavaliado ou um que acreditamos compreender melhor.

Nós precisamos enfatizar, contudo, que não vendemos investimentos apenas porque valorizaram ou porque nós os possuímos por um longo tempo. (Das máximas de Wall Street, talvez a mais tola seja: "Não se pode quebrar obtendo lucro".) Ficamos bem contentes em reter qualquer valor mobiliário indefinidamente, contanto que a perspectiva de retorno sobre o capital acionário do negócio subjacente seja satisfatória, a administração se mostre competente e honesta e o mercado não sobre-avalie o negócio.

Nossas companhias seguradoras, contudo, possuem três grupos de ações ordinárias que não venderíamos mesmo que elas tivessem um preço muito elevado no mercado. Efetivamente, nós enxergamos esses investimentos exatamente como as nossas bem-sucedidas empresas controladas - uma parte permanente da Berkshire, em vez de uma mercadoria para ser descartada uma vez que o Sr. Mercado nos ofereça um preço suficientemente alto. A isso eu acrescento uma ressalva: esses grupos de ações são retidos por nossas companhias seguradoras, e nós iríamos, se absolutamente necessário, vender parcelas das participações para pagar perdas extraordinárias com seguros. Pretendemos, contudo, gerenciar nossos negócios de modo que essas vendas nunca sejam exigidas.

A determinação de reter, que eu e o Charlie compartilhamos, obviamente envolve uma mistura de considerações financeiras e pessoais. Para alguns, nossa posição pode parecer altamente excêntrica. (Eu e o Charlie há muito tempo seguimos o conselho de David Ogilvy: "Desenvolva suas excentricidades enquanto você é jovem. Dessa forma, quando ficar velho, as pessoas não acharão que você está ficando gagá".) Certamente, na Wall Street dos últimos anos, fixada em operações, nossa postura deve parecer estranha: para muitos nessa arena, tanto companhias como grupos de ações são vistos somente como matéria-prima para negociações.

Nossa postura, contudo, é compatível com nossas personalidades e a forma como queremos viver nossas vidas. Churchill disse uma vez: "Você forma sua casa e então ela forma você". Sabemos a maneira como desejamos ser formados. Por essa razão, preferimos alcançar um retorno de X enquanto nos associamos com pessoas pelas quais sentimos forte apreço e admiração a atingir 110% de X pela troca desses relacionamentos por outros desinteressantes ou desagradáveis.

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Capitulo extraído do livro: Os Ensaios de Warren Buffett: Lições para Investidores e Administradores
Seleção, organização e introdução de: Lawrence A. Cunningham
Tradução, adaptação e apresentação de Rui Tabakov Sena Rebouças
Capítulo: II. Investimentos e Finanças Corporativas
Sub-capítulo: A - O Sr. Mercado

domingo, 6 de agosto de 2017

REITs For The Long Run

Muita gente sabe que os índices de ações batem a renda fixa e o ouro no longo prazo, como bem demonstrado pelo J. Siegel em Stock For The Long Run. Mas nem tanta gente sabe que os REITs, o produto mais semelhante aos FIIs brasileiros nos EUA, batem a performance dos índices de ações.

Dê uma olhada:
Índice de REITs vs.Russell 3000, 1979-2012

Índice de REITs vs. S&P 500, 1991-2014
A explicação para as ações serem um bom investimento de longo prazo está principalmente no fato de que ações são títulos de propriedade de empresas, os quais são lastreados em terra, imóveis, capital humano, capital produtivo, etc. Como a tendência de longo prazo do PIB é quase inevitavelmente de alta, ações se mostram como uma excelente ferramenta para se obter ganhos reais consistentes no decorrer das décadas. Tanto os dividendos pagos aos acionistas quanto o crescimento das empresas fazem o serviço de premiar os investidores em ações com excelentes ganhos reais em longos períodos.

Em REITs, a explicação da performance elevada, a meu ver, está mais relacionada ao elevado payout que se traduz em dividendos robustos distribuídos de forma persistente no decorrer do tempo. O sistemático reinvestimento desses proventos coloca o investidor numa trajetória exponencial de crescimento patrimonial. Ademais, temos também, assim como nas ações, o lastro em terra e imóveis contribuindo para proteger o investidor da inflação. O crescimento do PIB no decorrer de longos períodos também beneficia os REITs, pois isto tende a valorizar os imóveis e a aumentar suas receitas.

É importante salientar que estamos falando de desempenho de índices, o que é o mesmo que analisar o desempenho médio de carteira geridas de maneira bastante passiva e sem um elevado esforço na seleção dos melhores ativos. A figura do 'Investidor Empreendedor', conforme o termo utilizado por B. Graham em seus textos, deve despender tempo e trabalho para analisar ativos individualmente, ato este que, se bem sucedido, inevitavelmente leva o investidor a ter retornos superiores aos dos índices.

Trazendo para o contexto brasileiro, acredito que os FIIs possuem uma capacidade sensacional de performance em longos períodos pelos mesmo motivos dos REITs. São produtos diferentes, no entanto, a essência de permitir ao investidor de longo prazo um crescimento exponencial baseado em fluxo de caixa está presente e ambos.

Lembro também que esta reflexão não visa o comportamento binário de preferir um ou outro produto. É saudável para um portfólio bem diversificado ter ações e FIIs. Há espaço para ambos. O 'Investidor Empreendedor' que fizer um bom trabalho de analisar individualmente tanto ações quanto FIIs, tendo em carteira somente os mais promissores, deverá ter retornos excelentes em longos períodos.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Livros recomendados

Fiz uma lista de alguns livros que contribuíram para que eu me tornasse um investidor melhor. A lista não contém todos os livros que li sobre o assunto, mas aqueles que foram úteis de alguma maneira.

Há livros de Economia e Política na lista, pois o entendimento sobre tais assuntos inevitavelmente será positivo para o investidor enxergar melhor o ambiente onde ele está inserido. Quanto melhor a visão de mundo do investidor, melhor ele será.

O link ficará disponível nas Utilidades do blog (lado direito) e será atualizado automaticamente conforme eu for lendo mais livros interessantes:

Abraço!
Sucesso nos investimentos!

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Quando começar a investir?

Alguém está sentado na sombra hoje porque alguém plantou uma árvore há muito tempo, disse Warren Buffet. Esse alguém pode ser você mesmo. Cada semente que você deixa de plantar hoje é uma árvore que você deixará de ter no futuro.

O ato de poupar para investir não é um atributo de gente mão-de-vaca. Também não é privilégio de gente que nasceu rica. A questão é mais cultural do que qualquer outra coisa e a hora de começar é sempre agora.

É inútil tentar fazer sobrar dinheiro no final do mês para só então poupar. Gastar dinheiro é muito fácil e esta estratégia tem mínimas chances de funcionar. Logo, o correto é primeiro poupar e depois se virar para passar o restante do mês com o que sobrar.

Quando pessoas que não poupam são questionadas sobre o porquê disto, a culpa é prontamente terceirizada. No entanto, na absoluta maioria das vezes o culpado disto aparece no espelho quando a pessoa em questão fica diante dele.

Tenha um padrão de vida um pouco menor do que você poderia ter, gaste menos do que você ganha e invista o resto. Repita com paciência e disciplina este processo por décadas e serás bem sucedido mesmo aplicando em Renda Fixa. Quer acelerar o processo? Estude sobre investimento em ações, fundos imobiliários, moedas e faça você mesmo. Infelizmente o custo de bons gestores de recursos é inviável para quem está começando e tem pouco capital.

Uma pequena quantia que você investe bem hoje será uma quantia enorme em 10 anos ou mais. O melhor momento de agir é agora. A vida passa rápido.