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O noticiário sobre o mercado financeiro adora estabelecer conexões causa-efeito ao comentar o movimento dos mercados. Contudo, penso que a validade destes comentários é, na maioria absoluta das vezes, nula.
Há notícias ruins e boas todos os dias. O que estes "jornalistas" fazem se resume em comentar as variações diárias utilizando as notícias boas para justificar as altas e as ruins para justificar as baixas. Não é plausível afirmar que a maioria dos compradores ou vendedores de determinado dia agem com base em acontecimentos de curtíssimo prazo cujo efeito sobre o futuro é totalmente incerto.
Este tipo de raciocínio desconsidera a relação entre preço e valor dos ativos e é passível do entendimento de que o mercado poderia subir para sempre caso tivéssemos apenas notícias boas, como se o preço dos ativos não tivesse a mínima importância. Justamente por isto topos ocorrem em ambientes positivos que induzem as pessoas à euforia e fundos ocorrem em situação oposta. Por ignorarem a relação preço-valor, nos topos as pessoas acreditam que pode continuar subindo para sempre e pagam caro; e nos fundos acham que pode continuar caindo para sempre e vendem barato.
Mercados sobem ou descem em virtude da resultante de um caos de pensamentos e atitudes que nos diz se a oferta está maior, menor ou igual à demanda. Sim. Há acontecimentos raros onde uma notícia a respeito de um acontecimento em específico provoca euforia ou pânico em determinado dia. Mas, em dias normais, é presunção afirmar que esta ou aquela notícia determinou a relação entre oferta e demanda. Os motivos pelos quais os indivíduos compraram ou venderam são os mais variados possíveis. Caos puro e simples. Um pensa nos próximos 30 anos, outro nos próximos 5 minutos. Um pensa em vender para comprar uma casa ou investir numa fábrica, outro pensa na demanda de aço da China ou no consumo de soja nos EUA.
Não recomendo dar trela para este tipo de notícias sobre o mercado. É muito mais proveitoso focar no valor dos ativos e tentar estabelecer uma opinião consistente a respeito de seus respectivos preços.
Caro, barato ou bem precificado? A precisão desta resposta, apesar de nunca ser exata, pode ir melhorando conforme o investidor vai adquirindo mais carnavais vividos. Quanto mais apurada for noção preço-valor do investidor, melhor será a sua visão para que ele caminhe com tranquilidade, sabendo onde pisar e ignorando aquilo que é irrelevante nos noticiários.
Você não precisa ser o ás do valuation para ter uma noção útil sobre preço-valor. Qualquer coisa já serve. Pois, em terra de cego, quem tem um olho é rei.