Ações de empresas estatais, mesmo em condições 'normais', negociam com um certo desconto em relação aos seus pares privados. Quando analiso os indicadores de estatais levo em consideração que o mercado precifica o risco de ter políticos como sócio dando um 'desconto'. Este desconto é subjetivo, não mensurável em números. Logo, na foto dos indicadores fundamentalistas estas empresas podem parecer muito mais baratas do que realmente estão se colocarmos o risco político na conta.
Isto posto, está explicada minha postura de evitar ter ações de estatais na carteira de longo prazo. Meu relacionamento com elas é de curto/médio prazo e o preço para entrada deve ser extremamente atrativo.
Com preços suficientemente baixos, papéis de estatais podem apresentar uma boa relação risco retorno, pois se os preços não evoluírem no curto prazo, o dividend yield elevado ocasionado pela queda nos preços geralmente banca o custo de oportunidade de maneira satisfatória.
Quando o 'ruído' que causou os descontos excessivos termina -- e geralmente termina -- o desconto volta para níveis 'normais'. Então eu vendo. Estratégia totalmente diferente da que uso para ações de boas empresas privadas, as quais vendo somente quando sobem tanto a ponto de tornar o dividend yield tão baixo que torna possível giros vantajosos para aumento de renda passiva. Para quem está em fase de aumento de renda com dividendos, rendimentos e juros -- visando independência financeira -- vejo com bons olhos realizar ganho de capital em ativos esticados e com, digamos, menos de 4% de DY e utilizar o capital para início ou aumento de posição em outras boas empresas que tenham DYs substancialmente melhores.
Portanto, não tenho comportamento proibitivo no que se refere à aquisição de ações de estatais, todavia, o desconto necessário para que eu tenha políticos como sócios controladores deve ser exagerado e, após a aquisição, com um aumento considerável de preço sou bastante favorável a vender a posição e mover o capital para a carteira de longo prazo.